Zé cruzava as rodovias como um encouraçado
Eis que surgiu o louco
De terno e um livro com capa de couro em
baixo do braço
Zé já havia lido muitos livros
Pela vontade de saber aprendeu o que pode
sozinho
É incrível se pensar, cada coisa que as
pessoas jogam no lixo
O louco pregava no caos
Dizendo coisas, as quais era melhor fazer
que dizer
Misericórdia, caridade, amor...
Por que o faz, se
ninguém o ouve ?
Estou pregando no deserto
As pessoas que passam por aqui
Empanturradas de vida
Estão desertas de amor
Desertaram de seus sonhos
Estão tão cheios de si mesmos
Que não param para dar ouvido aos loucos
Os seus peitos estão cheios de medo e
rancor
Eles não sabem para onde vão
Só sabem que será um inferno
Eles não sabem o que fazem
E parece que nunca saberão ao certo
Todo louco é meio
sábio
Mas ser sábio não é
ser dono de verdade
Você está aqui
Tentando domar
dragões com palavras
Você diz que essas
pessoas não têm amor
Se elas não
tivessem amor não teriam medo
Se elas não
tivessem amor não teriam pressa
O amor move a vida
humana
De formas tão
estranha s
Que até parece que
não há
Mas ele esta bem ali
O amor é o
descontrole
É um fardo de mais
para um homem suportar
E é por isso que
eles enlouquecem
E morrem loucos sem
nunca despertar
Não me prove com sua falsa sabedoria
Pobre homem louco
Seu livro esta
repleto de respostas
E seu coração de
duvidas
Que eternamente
serão negadas
O verdadeiro sábio não
responde
Ele pergunta
Santo não é quem
prova o milagre
Mas quem o agradece
e ainda assim duvida
Zé simplesmente o deixou com essas
palavras
Ela sabia que dois loucos jamais concordariam
em nada
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